Introdução
As plataformas de petróleo são verdadeiras cidades flutuantes que demandam grandes quantidades de energia para operar. Este artigo explora como é feita a geração de energia em plataformas offshore, os desafios logísticos, as medidas de segurança necessárias e o impacto econômico do setor de petróleo no Brasil.
Como funciona a geração de energia em plataformas
Em plataformas de petróleo, a geração de energia acontece por meio de turbinas a gás ou geradores a diesel. Essas unidades são responsáveis por fornecer a energia necessária para o funcionamento de todos os sistemas da plataforma, incluindo iluminação, sistemas de comunicação, equipamentos de perfuração e processamento de petróleo e gás.
Bacia de Campos
Esse esquema de geração de energia acontece de maneira similar em qualquer outra plataforma em operação. As 32 unidades marítimas da Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos, por exemplo, são capazes de gerar 400 megawatts de energia. Esse montante é suficiente para abastecer uma cidade de dois milhões de habitantes.
As plataformas localizadas na Bacia de Campos contam atualmente com cerca de 30 turbinas geradoras de energia e quase 50 geradores diesel. Toda essa produção é utilizada nos sistemas de iluminação, comunicação e equipamentos.
Uma curiosidade: as unidades precisam ter um motor a diesel mesmo quando toda a energia da plataforma é fornecida por uma turbina a gás. Dessa forma, caso não haja produção de gás, o gerador diesel fornece energia para os sistemas de comunicação ou para iluminar as rotas de fuga.
Logística para uso dos geradores
O uso de grupos geradores é bastante comum nos mais diversos segmentos econômicos. Quando se trata de geradores para plataformas offshore, entretanto, há alguns desafios que precisam ser vencidos.
Plataformas de exploração e produção de petróleo têm limites de espaço e peso que precisam ser respeitados. Os grupos geradores de energia são levados a essas unidades por meio de navios e descarregados por meio de guindastes.
Esses guindastes, entretanto, têm limitações em sua capacidade de transporte. Por isso os responsáveis pela geração de energia precisam encontrar sempre, no momento do planejamento, os geradores com melhor capacidade de geração e, ao mesmo tempo, mais leves.
Além disso, o mercado de petróleo no Brasil é bastante exigente com relação ao índice de nacionalização dos equipamentos. A Petrobras, por exemplo, exige que a maior parte das peças de um gerador de energia tenham sido fabricadas no Brasil.
Felizmente o mercado já conta com equipamentos robustos, leves (de até 14 toneladas, ideais para o descarregamento em plataformas) e com índice de nacionalização que pode chegar a 90%.
Segurança nas plataformas
Uma das grandes preocupações de quem gerencia e trabalha nas plataformas de petróleo é a segurança dos trabalhadores. Não é para menos. Os riscos operacionais são uma realidade em qualquer indústria, e em uma indústria que funciona em alto mar, completamente isolada do continente, não poderia ser diferente.
As operações de perfuração dos poços são as maiores responsáveis por acidentes em plataforma. Cerca de 70% dos acidentes com vítimas aconteceram nesse tipo de trabalho.
Capacitação e fiscalização
Para mitigar os riscos as petroleiras investem em pesquisa, ferramentas, equipamentos e capacitação de funcionários para aumentar a segurança de suas operações offshore. A preocupação com a segurança fez crescer a procura por profissionais especialistas em segurança do trabalho.
Felizmente o Brasil é considerado uma referência mundial quando se trata de segurança offshore. A Agência Nacional do Petróleo faz rigorosas fiscalizações nas plataformas a fim de identificar possíveis riscos.
Por ano são realizadas cerca de 60 inspeções em que são verificadas a segurança dos sistemas de perfuração e da planta de produção das unidades marítimas, bem como os itens de segurança na área de geração de energia elétrica.
Segurança na geração de energia temporária
Com a responsabilidade de gerar uma enorme quantidade de energia, turbinas e geradores também precisam de sistemas de segurança eficientes. Alternadores (possuem maior nível de proteção), pintura especial para evitar ferrugem e sistemas de detecção e combate a incêndio fazem parte dos grupos geradores mais modernos.
A falta de cuidado nesse aspecto pode resultar em acidentes graves. Em 2013, por exemplo, a plataforma P-62 da Petrobras chegou a sofrer um pequeno incêndio provocado durante a instalação de um gerador de energia.
Caso recente: Cidade de Maricá
Um caso bastante recente aconteceu em 16 de janeiro de 2018, na plataforma da Petrobras Cidade de Maricá, no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos. A unidade sofreu um princípio de incêndio durante a madrugada, que felizmente foi rapidamente controlado.
Não houve feridos no incidente, que aconteceu de madrugada, nem danos ao meio ambiente. Os prejuízos financeiros, entretanto, são enormes. A produção da plataforma foi completamente paralisada.
A “Cidade de Maricá” pode produzir, diariamente, até 150 mil barris de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás. Ela está ancorada a 270 quilômetros da costa. Cada dia parado por conta do acidente custa à Petrobras mais de dez milhões de dólares em prejuízos.
Regulamentação de segurança
A segurança das plataformas de petróleo é tão crítica que existe até mesmo uma norma específica para o setor, a NR-30, que trata sobre segurança e saúde no trabalho aquaviário. O anexo II aborda especificamente o trabalho em plataformas e instalações de apoio.
Valorização do petróleo
O momento favorável à indústria petrolífera está registrado no preço do petróleo. Em janeiro o petróleo Brent atingiu sua maior cotação em três anos, alcançando os 69 dólares o barril.
Esse aumento no preço da commodity foi causado pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de realizar cortes na produção. Contribuíram também para a valorização a queda nos estoques mundiais e uma crescente tensão política no Oriente Médio e na Ásia.
Interesse internacional no Brasil
A combinação de crescimento da produção brasileira, cortes na produção mundial e aumento no preço do petróleo tornam o Brasil ainda mais atrativo para as petroleiras, que veem no pré-sal possibilidades de grandes lucros.
As rodadas da partilha de produção do pré-sal realizadas em outubro de 2017, por exemplo, contaram com forte presença internacional. Foram oferecidos oito blocos, sendo que seis foram arrematados. O governo arrecadou mais de seis bilhões de reais em bônus de assinatura.
Principais investidores
Dentre as empresas que venceram os leilões estão Total E&P (França), Shell (Inglaterra/Holanda), Repsol (Espanha), Statoil (Noruega), Petrogal (Portugal), Exxon Mobil (EUA), China National Petroleum Corporation (CNPC), British Petroleum (Inglaterra) e CNOOC Petroleum (China).
- Exxon Mobil: A maior petroleira do planeta investiu, em 2017, cerca de oito bilhões de reais no Brasil (sendo que, desse total, seis bilhões serão direcionados apenas para o pré-sal).
- Shell: A produção de petróleo no Brasil, em 2017, não é mérito apenas da Petrobras. A Shell aumentou sua produção em 12%, alcançando os 330 mil barris de petróleo por dia.
Impacto nos estados brasileiros
Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro possui posição privilegiada na indústria petrolífera. É lá que se localiza o bloco de Libra, na Bacia de Santos. O Rio de Janeiro detém comprovadamente cerca de 10 bilhões de barris de petróleo em seu subsolo, ou 75% de toda a reserva nacional.
Por tudo isso o Rio de Janeiro é um dos maiores polos geradores de emprego da cadeia de petróleo. Cerca de 85 mil pessoas trabalham no setor em todo o estado. O salário médio do trabalhador de petróleo e gás, no Rio de Janeiro, era de R$ 11 mil em 2016.
Espírito Santo
O Espírito Santo é um dos maiores beneficiários dessa nova fase de expansão da cadeia do petróleo nacional. Nos próximos cinco anos o estado deve receber quase R$ 10 bilhões em investimentos apenas da Petrobras.
Como se pode ver, o cenário é animador. Os investimentos e aumento na produção exigirão que as petroleiras encontrem parceiros confiáveis e experientes para o fornecimento de energia temporária. Aproveite o momento para se planejar. Converse com um especialista.